Outro dia, entrei em uma sala de aula e vi um aluno discutindo com um chatbot. “Isso está errado!”, ele resmungava, enquanto o assistente virtual explicava pacientemente a fórmula de Bhaskara. A cena me fez rir e pensar: será que uma inteligência artificial veio para tomar o lugar dos professores ou apenas para ser aquele colega nerd que sempre sabe tudo?
Aqui no Brasil, as escolas já começaram a flertar com essa revolução silenciosa. No Ceará, por exemplo, uma escola pública implementou um sistema de IA que analisa o desempenho dos alunos e sugere reforço personalizado para aqueles que precisam de mais ajuda. Já no Rio de Janeiro, um colégio desenvolveu um professor virtual para tirar dúvidas de matemática à noite – porque, vamos combinar, a dúvida cruel só aparece depois das 22h, quando não tem mais ninguém para ajudar.
A IA está mudando o jeito de aprender. Antes, se o aluno não entendesse a explicação do professor, o máximo que poderia fazer era pedir para repetir ou torcer para que um colega explicasse de outro jeito. Agora, basta perguntar ao ChatGPT ou ao Google Gemini que a resposta vem rápida, como quem já esperou essa pergunta há séculos. Mas será que isso é sempre bom?
Uma professora de Língua Portuguesa de Canoas RS me contou que seus alunos conseguiram entregar redações impecáveis demais. Quando ela viu que a IA estava escrevendo por eles, decidiu virar o jogo: passou a pedir textos à mão, sem ajuda do celular. “Se a tecnologia é espera, eu sou mais”, disse, rindo.
Claro, a IA pode ser uma aliada. Um estudante de uma escola pública de São Paulo, sem dinheiro para pagar cursinho, conseguiu passar no vestibular estudando sozinho com vídeos do YouTube e resumos gerados por IA. Ele diz que foi como ter um professor particular gratuito 24 horas por dia.
Mas o grande desafio é ensinar os alunos a usar essa tecnologia com inteligência – não apenas como atalho, mas como ferramenta para aprender de verdade. Um professor ainda é insubstituível, porque a IA pode até explicar uma fórmula, mas nunca vai entender o sentimento humano no processo de aprendizagem e também o brilho no olho de um aluno que finalmente compreende algo difícil.
Talvez o segredo não seja temer os professores-robôs, mas aprender a conviver com eles. No fim das contas, a escola do futuro não precisa ser uma batalha entre humanos e máquinas. Pode ser um espaço onde a tecnologia ensina, mas é significado o professor – de carne, osso e paciência – quem dá o verdadeiro ao aprendizado.
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